terça-feira, 28 de setembro de 2010

Letter to silent man

Olá rapaz silencioso,

Não sei como começar esta carta, uma apresentação parece-me parva, até porque já sabes o meu nome. Escrevo-te hoje sem qualquer razão de força maior. Não é um dia particularmente especial ou um acontecimento a nível mundial, simplesmente hoje foi o dia em que te voltei a ver.

Vi-te e tu viste-me. Tu viste-me e eu vi-te. Fim da história.
Andámos neste flirt verbalmente silencioso durante meses, sem que nenhum tivesse a iniciativa de tentar algo mais. Se não te vir, não existes, és apenas mais uma lembrança que raramente me vem à memória. Quanto te encontro, muda tudo. Tens o poder de evocar sentimentos (ou qualquer coisa do género) que adormecem sempre que voltas a desaparecer.
Queria saber de ti, como estás, o que é que fazias quando te avistei, se vais seguir para um mestrado ou continuas terrivelmente desiludido com a educação do nosso país. As divagações sem resposta chateiam-me um bocado, sabes?
Numa outra situação poderíamos ter sido amigos, talvez até cúmplices, ou simplesmente pessoas que se cumprimentam pelas regras da boa educação. Mas isso não é para nós…nós limitamo-no a existir esporadicamente numa rede social, num jeito impessoal e um tanto ou quanto juvenil. É a nossa cena.

Tu vês-me, eu vejo-te. Eu vejo-te, tu vês-me. E temos uns minutos de alegria, uma euforia passageira que é agradável e sempre bem-vinda, mas que não chega nem satisfaz.

Se algum dia vencer esta timidez, que ficas a saber acontece praticamente só contigo, vais ser o primeiro a saber. Caso o consigas primeiro que eu, sabes onde me encontrar.

Beijos e talvez até um dia,

Jane


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