terça-feira, 28 de setembro de 2010

Letter to silent man

Olá rapaz silencioso,

Não sei como começar esta carta, uma apresentação parece-me parva, até porque já sabes o meu nome. Escrevo-te hoje sem qualquer razão de força maior. Não é um dia particularmente especial ou um acontecimento a nível mundial, simplesmente hoje foi o dia em que te voltei a ver.

Vi-te e tu viste-me. Tu viste-me e eu vi-te. Fim da história.
Andámos neste flirt verbalmente silencioso durante meses, sem que nenhum tivesse a iniciativa de tentar algo mais. Se não te vir, não existes, és apenas mais uma lembrança que raramente me vem à memória. Quanto te encontro, muda tudo. Tens o poder de evocar sentimentos (ou qualquer coisa do género) que adormecem sempre que voltas a desaparecer.
Queria saber de ti, como estás, o que é que fazias quando te avistei, se vais seguir para um mestrado ou continuas terrivelmente desiludido com a educação do nosso país. As divagações sem resposta chateiam-me um bocado, sabes?
Numa outra situação poderíamos ter sido amigos, talvez até cúmplices, ou simplesmente pessoas que se cumprimentam pelas regras da boa educação. Mas isso não é para nós…nós limitamo-no a existir esporadicamente numa rede social, num jeito impessoal e um tanto ou quanto juvenil. É a nossa cena.

Tu vês-me, eu vejo-te. Eu vejo-te, tu vês-me. E temos uns minutos de alegria, uma euforia passageira que é agradável e sempre bem-vinda, mas que não chega nem satisfaz.

Se algum dia vencer esta timidez, que ficas a saber acontece praticamente só contigo, vais ser o primeiro a saber. Caso o consigas primeiro que eu, sabes onde me encontrar.

Beijos e talvez até um dia,

Jane


domingo, 26 de setembro de 2010

Caros (futuros) leitores,

Já não se escrevem cartas, perdeu-se a tradição.
As alternativas foram ganhando terreno: de um lado a Internet com os seus e-mails e redes sociais, de outro os telemóveis e as mensagens de texto.
A menina Joana, filha do António e da Maria, irmã da Catarina e namorada do Carlos, foi substituída por Joana_blabla@qualquercoisa.ptoucom.



Comunicamos com abreviaturas, acordos alfabéticos definidos pelas regras da pressa, onde o ‘xis’ é o rei, e habita grande parte das palavras.Já não se apela ao desejo, à saudade e à necessidade de enviar uma notícia com a nosso próprio jeito e formatação.
Bem sei que um blog está longe do conceito puro de carta, mas à falta de melhor…

Espero notícias vossas em breve,

Jane.